Vale-tudo da noticia
A notícia isolada de que um editor do jornal britânico News of the World invadia caixas postais de telefones atrás de recados que lhe rendessem furos sobre a realeza não seria tão aterradora se parasse por aí. O problema surgiu quando o repórter Nick Davies decidiu investigar a história mais a fundo e descobriu um lamaçal de crimes e corrupção que afetava boa parte da imprensa britânica, com ramificações no gabinete do primeiro-ministro e no alto escalão da Scotland Yard.
Jornalistas usando prostitutas para colher segredos dos clientes, detetives grampeando linhas telefônicas nos postes e revirando o lixo de celebridades, funcionários de hospitais vazando prontuários médicos e editores chantageando políticos com intrigas sexuais. Cenas que mais parecem saídas de um filme, mas que, na verdade, eram práticas não só aceitas, como também estimuladas e premiadas, e que alimentavam uma poderosa rede de corruptores e corrompidos que chegou a influenciar até mesmo as leis britânicas.
Exemplo inegável do bom jornalismo, Vale-tudo da notícia evidencia como o poder de manipular o acesso à informação é hoje — e talvez o seja desde que o mundo é mundo — uma das mais perigosas moedas da sociedade.
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